domingo, 29 de novembro de 2009

O sentido da vida

Não ajunteis tesouros na terra,
onde a traça e a ferrugem tudo consomem,
e onde os ladrões minam e roubam;
mas ajuntai tesouros no céu,
onde nem a traça nem a ferrugem consomem
e onde ladrões não minam nem roubam.
Porque onde estiver o vosso tesouro,
aí estará também o vosso coração.
(Mateus 6.19/21)

Docim minero - DÔS DE PÃO

Ói, gente, vai agora uma receita da roça di DÔS DE PÃO. Uma diliça:

Pega uns quatro pãozim de sá dos bão, aquês pão véio, já duro de quebrá os dente, que ocê ia dá pros cachorro ou prás galinha, pica ês tudo que nem rodela de tumate e põe numa vasia. Aí, ocê rivira lête pru riba, prá dexá bem moiadim, inté tampá ês tudo de lête.

Inquanto isso, cê pega um quarto de rapadura (ô duas caneca de açúca) e põe nu fogo prá derretê.

Nora que a carda tivé prontinha, vira um li de lête e dexa frevê. Dispois do trem frivido, é rivirá a vasia com os pãozim moiado de lête na penela e dexá cuzinhá inté ingrossá o dôs. Vai mexeno co a cuié de pau e vai isfregano as mão. Tano cuzidim, é pô prá isfriá, jugá um punhado de canela de pó e se quisé botá um punhadim de quêjo da roça bem picadim ispaiado junto da canela tomém fica ispiciá.

Bão! Se tivé geladêra é só dexá ficá geladim e cumê de cuié. Iscói uma cuié bem grandona daquéas de pegá arroiz, que é batê e valê. É de lambê os beiço.

Benzodeus! Ô trem bão, sô!

Inté! Otro dia eu insino ocês fazê otro dôs gostoso tamém!

sábado, 28 de novembro de 2009

Vai um baseado aí?


Sílvio Lanna

O presidente FHC tornou a defender a descriminalização da posse de maconha para uso pessoal, em recente reunião da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia.

Em sua cruzada está acompanhado por César Gavíria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México) e por intelectuais como o brasileiro Paulo Coelho (...).

O tema vem ganhando adeptos e notoriedade na América e na Europa, onde países como Holanda e Portugal já experimentaram políticas mais condescentes com relação às drogas.

O ex-presidente brasileiro sustenta sua tese no argumento de que o mundo já teria perdido a guerra contra as drogas e que, ao liberar seu consumo os governos poderiam melhor tratá-lo como questão de saúde pública e, com estratégias de informação, reduzir sua presença na sociedade.

Mais ou menos como se tenta há anos fazer com o cigarro (o comum).

O conceituado INCA - Instituto Nacional do Câncer -, baseando-se em dados veiculados pela OMS - Organizaçao Mundial da Saúde - já afirmou que 47% de toda a população masculina do planeta é usuária de tabaco. Se abrangermos também as mulheres fumantes no índice, teremos que um terço dos habitantes da Terra estão nessa condição, ou seja, aproximadamente 1,25 bilhão de consumidores em um mercado econômico fortíssimo.

Tais números não abrangem, evidentemente, os fumantes passivos, que são uma outra categoria com muitos bilhões de componentes.

Ainda segundo o respeitado instituto o número de mortes pelo uso do tabaco atinge por ano 4,9 milhões de pessoas. O consumo, infelizmente, está em expansão principalmente no público feminino, fazendo com que o INCA considere que em 2.030 o número de óbitos em decorrência do cigarro atinja 10 milhões de pessoas.

Consideremos também que há mais de vinte anos, em maior ou menor intensidade, estabeleceram-se mundo limitações importantes e/ou ações desestimulantes ao uso do tabaco, quais sejam a proibição de publicidade, da venda a menores, a limitação de locais para o uso, dentre outras.

Nas últimas semanas no Brasil, importantes providências foram tomadas, a partir de São Paulo, com a proibição do fumo em locais públicos. Belo Horizonte e Rio de Janeiro acompanharam a providência com apenas algumas diferenças na norma legal.
Parece que também perdemos a guerra contra o tabaco...

Como pode ser isto, com tantas medidas tomadas pelos governos?

Os argumentos para a liberalização da maconha, defendidos por FHC e seus correligionários, são a "perda da guerra" contra a droga e a necessidade de se trazer à luz os usuários para que possam ser tratados como doentes pelo sistema público de saúde.

Convenhamos, isto já vem sendo feito com relação aos tabagistas há mais de vinte anos. Por que será que não adiantou? Por que será que o consumo não regride? Por que será que as pessoas insistem em continuar morrendo, mas não abandonam o vício?

Parece-nos, então, que a descriminalização levaria a maconha a uma situação semelhante à do tabaco com relação à intensidade do uso.

È perfeitamente possível que a liberalização provoque um aumento de demanda da maconha, ao contrário do que esperam os aparentemente ingênuos defensores de sua liberação. Vejamos:

Os produtores, transportadores e comerciantes das drogas liberadas não mais terão que adicionar ao preço os custos derivados dos riscos até então sofridos, das apreensões (feitas na base de toneladas dos produtos), bem como inaugurarão certa concorrência entre si. Tudo isto - para analisarmos sob a fria ótica capitalista - deverá fazer com que os preços caiam.

Pelo lado da demanda, os pontos de venda não mais serão as "bocas de fumo" instaladas no fundo de escuros becos, mas unidades de venda à luz do dia em barracas de praia e de quiosques nos shoppings.

Será possível adquirir uma caixinha de baseados com cartão de crédito!!!

Quem sabe na compra de meio quilo de maconha o consumidor ganha um cachimbo?

E o que dizer da maconha orgânica, sem utilização de defensivos e fertilizantes químicos?

Será que veremos uma criança pedindo ao atendente da lanchonete um chiclete de melancia e um baseado com sabor de cravo?

Não! Dirão os "abolicionistas" da erva: é evidente que a venda somente poderá ser feita a maiores de idade...

E aí a gente raciocina: a restrição da venda a menores ocorrerá da mesma forma que no caso do maço de Marlboro e da latinha de Skol?

Agora analisemos o tema sobre outra ótica: a dos traficantes, bandidos hoje, que serão em um passo de mágica transformados em empresários amanhã. Bem sucedidos, diga-se. Neste ponto, outro Fernando - o Beira Mar - parece ter motivos para concordar e aplaudir a iniciativa do primeiro Fernando - o HC.

Por fim, o reconhecimento de que determinada estratégia de combate tem sido ineficaz não é motivo para aabandono da luta. Se assim fosse, deveríamos descriminalizar também os homicídios (que aumentam a cada dia mais) os atos de pedofilia (notícias cada vez mais presentes em nossos jornais) e tantos outros crimes que têm nos trazido profunda sensação de impotência em face do crime organizado.

Temos falhado no combate ao tráfico, é verdade...

Esse, entretanto, é um forte motivo para reavaliarmos as fórmulas de combate, a legislação disponível, a impunidade (grande incentivadora desse estado de coisas) e todos os componentes dessa tragédia que se abateu sobre nossa sociedade.

Batermos em retirada e unirmo-nos a nossos adversários não resolverá nenhum problema. Só nos fará tão criminosos quanto aqueles que, por enquanto, tentamos combater.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Tênis e Frescobol




Rubem Alves

Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol.

Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal.

Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me.

Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente.

Dizia ele: "Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar".

Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da carne são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O Império dos Sentidos.

Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites.

O sultão se calava e escutava suas palavras como se fossem música.

A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma de eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras.

E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: "Eu te amo, eu te amo..." Barthes advertia: "Passada a primeira confissão, "eu te amo" não quer dizer mais nada. "É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: "Erótica é a alma..."

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário.

E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco de seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muto sugestiva, que indica seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhm dos dois perca. Se a bola vier meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforçodo mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha.

E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá...

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis.

Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros Cadernos, é sobre este jogo de tênis:

"Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente sua superioridade. O outyro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: "Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo". A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ela cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: "Tens razão, minha querida". A situação está salva e o ódio vai aumentando."

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão...O que se busca é ter razão e o que se ganha pe o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhaqs de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor ... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Verdade

Ensina a criança no caminho em que deve andar e,
ainda quando for velho,
não se desviará dele.
(Provérbios, 22.6)

Trevas vermelhas

Sílvio Lanna

Nesta quarta-feira assistimos ao pedido de perdão protagonizado por Kaing Gueg Eav, oficial de modesta patente do governo do Kmer Vermelho que aterrizou o Camboja na segunda metade da década de setenta.

Difícil admitirmos o perdão pelas incontáveis torturas e 12.273 assassinatos que cometeu em nome do regime autoritário. O impressionante é que tais números acabam modestos em face da barbárie perpetrada pelo líder Pol Pot que, em apenas quatro anos - 1975 a 1979 - dizimou aproximadamente 2,5 milhões de cambojanos, cifra que correspondeu a vinte por cento da população total. É como se um regime decidisse exterminar toda a população do estado de São Paulo ou, alternativamente, todos os residentes em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

As mortes foram causadas por torturas, assassinatos em massa, fome e doenças causadas por profunda subnutrição. O Kmer Vermelho ainda eliminou conceitos que considerava atentatórios ao regime, como família, educação e religião. Profissionais liberais, comerciantes e intelectuais foram sumariamente executados, bibliotecas foram destruídas, o dinheiro abolido e as cidades esvaziadas, transferindo-seus habitantes para o campo. Um simples lápis encontrado na posse de um cambojano era motivo para seu fuzilamento. O governo ainda incentivava os filhos a delatarem os pais, que acabavam por serem fuzilados por qualquer motivo julgado ofensivo à nova ordem.

Em abril de 1998 Pol Pot retornou ao inferno, de onde jamais deveria ter saído.

São fatos ocorridos já há trinta anos em um país distante para nós. É necessário, entretanto, termos em mente que o ser humano é capaz de tudo o que possamos ou não imaginar e o conhecimento de tais barbáries deve funcionar de forma didática para o resto da humanidade.

Para quem se interessar mais pelo tema, indico o filme "Os Gritos do Silêncio", de 1984 (ainda disponível em locadoras). Ele trata do tema de forma pungente, sem se perder em inúteis melodramas ou histórias paralelas. Baseado em fatos reais, apresenta um painel bastante esclarecedor dos fatos ocorridos naquele momento negro da história da humanidade.

sábado, 21 de novembro de 2009

A censura e a burrice

Sílvio Lanna

21 de novembro de 1968.

Há quarenta e um anos o marechal ditador Artur da Costa e Silva promulgava a lei nº 5.536, que dispunha sobre a censura de obras teatrais e cinematográficas e criava o Conselho Superior de Censura.

Pouco tempo depois, em 13 de dezembro, outra página negra ofuscava o país: o AI-5.

Já se disse muito que a censura é, em essência, burra.

É burra por parte do censor que, imerso em sentimentos autoritários julga-se capaz de dizer o que é ou o que não é bom para a cultura nacional. Esse simples pensar denota impenetrável burrice e densa incapacidade de enxergar-se a si próprio no contexto da inteligência nacional.

É burra também por parte dos que a aceitam, uma vez que estão admitindo sua incapacidade de escolher por si mesmos e por seus filhos, a quem caberia educar.

É burra também conceitualmente, uma vez que homens diferentes têm diferentes crenças religiosas e orientações políticas.

É bom que nunca nos esqueçamos da Santa Inquisição, que nada mais era que uma forma extremada de censura que levou milhares às fogueiras.

Também é bom mantermos vívida a memória dos anos da ditadura militar brasileira, quando as torturas eram o remédio prescrito em nome de outra forma de censura.

No aspecto moral, mais ainda, as diferenças entre os indivíduos são abissais (basta que nos lembremos do episódio da Uniban, onde a turba enfurecida pela visão de um par de pernas femininas quase provocou um linchamento).

Rememorar 21 de novembro pode não ter por si só muita utilidade.

Que sirva, entretanto, para nos lembrarmos de como é fácil submeter uma nação aos desígnios de uma pequena porção de indivíduos recalcados, ignóbeis e incapazes de enxergar que a cultura é a carteira de identidade de um povo. E, mais ainda, que não há cultura ruim ou cultura boa.

Há, sim, a que quero para mim e para os meus e aquela que excluo do nosso cotidiano por livre e espontânea vontade.



sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Racismo

Sílvio Lanna
Não somos melhores pela cor de nossa pele.
Nem pelo azul de nossos olhos.
Nem pelo dourado de nossos cabelos.
Mas somos piores, certamente,
por deixar a sombra da ignorância turvar nossa visão
a ponto de não enxergarmos
que atrás dela o que existe é só um homem.

Quem dá mais por Obama?



Sílvio Lanna


A eleição de Obama provocou um estado global de euforia. Até mesmo em nossos provincianos recônditos houve quem comemorasse efusivamente sua posse.


Correspondendo à expectativa gerada, o presidente americano não fez por menos. Tocou de uma só vez em três feridas abertas nos costados da sociedade americana: em 16 de novembro de 2.008 (doze dias após sua vitória) disse ao prestigiado programa "60 minutes", da rede CBS, que pretendia retirar as tropas americanas do Iraque, melhorar a situação no Afeganistão (relativamente à questão política e aos soldados americanos) e, ainda, fechar a prisão de Guantánamo em um ano.


Faltam aproximadamente sessenta dias para que Obama atinja seu primeiro ano de mandato e, como se pode facilmente perceber, nenhum dos três objetivos caminha para a efetivação por sua expressa participação. Vejamos:


A saída das tropas americanas do Iraque está prevista para ocorrer paulatinamente até 30.12.2011. Isto por força de um acordo firmado no final de 2.008 pelo presidente Bush. Recentemente, em reunião com o Primeiro Ministro iraquiano, foi mantido o cronograma original, ou seja, se depender do atual governo americano as tropas não baterão em retirada nem um dia mais cedo.


O Afeganistão: O mês de outubro trouxe terrível notícia aos EUA relativamente à sua permanência naquele país: a morte de 53 soldados, recorde negativo desde 2.011, quando em agosto morreram 51 militares. O presidente Obama oscila entre a opinião pública americana, contrária ao aumento do efetivo militar e seus assessores, que defendem o envio de mais 40.000 soldados, que se somariam aos 68.000 que já se encontram no Afeganistão.


Junta-se à sua rede de dilemas também a recente premiação com o Nobel da paz que, segundo a academia sueca, tem a função de incentivar a responsabilidade do presidente americano com decisões pacíficas e pacifistas.


Guantánamo, território que fica no extremo da ilha de Fidel, em sentido oposto ao de Havana, tem a posse garantida pelo governo americano por força de acordo firmado com dirigentes cubanos em 1.903 e posteriormente renovado. Como não há limite temporal, prevê-se que o domínio de tio Sam sobre aquele pedaço socialista seja eterno, a custa de pagamento anual sistematicamente recusado por Castro.


A utilização que os EUA lhe fazem é absolutamente incompatível com seu alardeado sentimento democrático. Para lá vão - e costumam permanecer indefinidamente - prisioneiros que não têm direito a advogados, não estão protegidos por qualquer legislação, não podem receber visitas de qualquer espécie, não possuem provas constituidas de sua culpa, sofrem contínuas e humilhantes torturas, não se classificam como prisioneiros de guerra (mas também não são tidos como presos comuns), enfim, formam um contingente de pessoas apartado do resto do mundo, dominados pelo bel prazer de seus carcereiros.


Tais acusações não são feitas pelo Partido Republicano (até porque foi o responsável por tal estado de coisas) ou por qualquer outro adversário político de Obama. Os acusaadores são duas entidades respeitabilíssimas em nosso mundo: a Cruz Vermelha e a Humans Rights.


Nesta semana o presidente já admitiu que o prazo de um ano para a desativação de Guantánamo não será cumprido, ou seja, a prisão não estará desativada em 22 de janeiro próximo. Não foi estipulada outra data.


Concluímos que Obama - cuja popularidade recentemente já baixou dos 50% - enfrenta alguns problemas relativamenteà afirmação do poder que lhe foi atribuído, além de arranhões na esperança que lhe foi depositada.


Isto nos leva a concluir que ele não representa, na realidade, a mudança que lhe foi atribuída. Cercado por um secretariado conservador para os padrões do Partido Democrata e portador de menor carisma que seu correligionário antecessor, Bill Clinton, não conseguiu demonstrar nesta reta inicial do mandato que é realmente uma novidade a ser celebrada.


Não devemos chegar ao extremo de afirmar, coo fez Ayman al-Zawahiri, número dois na hierarquia da Al-Qaeda, que ele é "um negro doméstico". Afinal, sua eleição foi realmente uma vitória sobre o sólido racismo americano e representou - e ainda representa - uma esperança sempre benéfica.


Verdade seja dita, entretanto, os apostadores mais inflamados sofreram alguma decepção com o objeto de suas apostas. Talvez o "quem dá mais" de hoje em dia represente menor interesse e menos entusiastas dispostos a arriscar.



terça-feira, 17 de novembro de 2009

Aconteceu lá pelas bandas do Algarve.
Um ladrão tentou entrar em um
supermer-
cado por uma janela no muro e ficou entalado. Permaneceu nessa situação ridícula da noite de domingo até a manhã de segunda-feira, quando foi retirado pelos bombeiros.

Faltou dizer que o fato ocorreu em Portugal.

Mas isto não é novidade.
Afinal, onde é que alguém iria colocar uma janela em um muro?
E, pior ainda, onde é que alguém tentaria entrar por essa janela?



sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sendo prá você, nenhuma dificuldade é obstáculo...


Hoje é sexta-feira!

VIDA
Mário Quintana

Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos!

Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo
caminho, a casca dourada e inútil das horas...
Dessa forma eu digo:

Nao deixe de fazer algo que gosta devido a falta
de tempo, a unica falta que terá, será desse tempo
que infelizmente nao voltará mais.
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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Os muros de Berlim


Sílvio Lanna


Era 9 de novembro de 1989 e milhares de alemães se dirigiram para o “Muro da Vergonha” e nele descarregaram suas marretas e sua revolta, sua mágoa e suas picaretas.

O ato, mero simbolismo do fim de um período iniciado no pós Segunda Guerra precisou de uma última vítima, último mártir dentre tantos fuzilados em frustradas tentativas de fuga:Chris Gueffroy. E o muro se foi, e a Alemanha Oriental se foi. Indo também acabou a União Soviética que ao se desintegrar provocou inúmeros conflitos sangrentos, divisões territoriais dolorosas e fincou muros nos Balcãs.

Outros muros semelhantes ao berlinense, porém, restam incólumes à ação do tempo, atravessando um momento histórico mundial que parece indiferente às dores e sofrimentos daqueles que não dispõem de trombetas políticas para se fazer anunciar (ou cuja dor, apesar de ouvida, não interessa aos donos do planeta).

Há os curdos no Iraque, vítimas de genocídio atribuído a Sadam Hussein, e que enfrentam hoje um momento de definição de sua pátria, sob as ameaças de árabes, turcomanos e outros. Nada indica que sua segregação esteja próxima do fim.

Há também os palestinos cujo muro ameaça tornar-se realidade sob a forma de cimento (uma vez que sob a forma da exclusão e da violência já há muito foi erguido). Seu desejo de construção de uma pátria territorial é idêntico ao daqueles que hoje os segregam e que fizeram jus ao Estado de Israel.

Há ainda os sofridos africanos pobres e famintos, de qualquer quadrante continental e que padecem sob o império da fome, das guerras civis, das chacinas, da dominação internacional, dos ditadores e da histórica espoliação. A África do constante sofrimento é um país de jovens, uma vez que lá a expectativa de vida é de apenas 47 anos e boa parte da população não sabe como é a aparência de um homem idoso... É também um país de mutilados física e emocionalmente, pela ação das minas terrestres e dos facões implacáveis.

Há, não nos esqueçamos, os famintos do planeta (congregação cuja quantidade de adeptos hoje se discute se ultrapassou ou não a barreira do bilhão). São os abandonados sem fronteira, que erram por seus países e continentes afora em uma verdadeira diáspora moderna. E o mundo segue discutindo sua existência, elaborando apurados índices estatísticos, formulando expectativas e teorizando sobre o quanto de recursos internacionais seria suficiente para sua erradicação (da fome ou dos famintos?). Enquanto isto, o muro da fome permanece sólido e imbatível, até por falta de marretas que o derrubem.

Há a droga, capaz de encerrar cada um de seus dominados em um muro particular e formar uma vasta multidão de enclausurados circulando pela temerosa sociedade. Também não é fácil derrubar esses muros, até porque seus verdadeiros construtores, sempre operosos, contam com a vênia das instituições, exercendo sua atividade e seu poder ainda que presos em estabelecimentos de segurança máxima.

Há o muro da desigualdade, que separa bem sucedidos de mal sucedidos (ao ver da principiologia liberal-capitalista). Estabelece os limites entre aqueles que servem e os que são servidos, entre aqueles que acumulam e os que cedem. Também se prestam ao desenvolvimento de estatísticas e à elaboração de teses políticas mutuamente acusatórias entre situação e oposição, seja em que país for, esteja em que regime estiver.

Dentre tantos outros muros de Berlim de que poderíamos nos lembrar, há ainda o muro da indiferença que rodeia todos nós, às vezes em grupo, às vezes isoladamente. É um muro conveniente e levantado pelos próprios enclausurados em verdadeira obra de requintada bricolagem. Adequadamente erguido até um palmo acima dos olhos, moldado com esmero em volta dos ouvidos, rebatido com arte à frente do nariz, ostenta, porém, avantajada janela à frente da boca. É por ela que se levantam as lamúrias em face das injustiças, as contritas preces pelo fim de tais sofrimentos e os brados de indignação contra os culpados.

As mãos e os pés? Perdão, elas estão ocupadas segurando o muro e eles não aguentam deslocar tamanho peso...


sábado, 7 de novembro de 2009

A Uniban e as saias curtas...


Sílvio Lanna
Até a ocorrência do lamentável episódio da aluna do curso de Turismo eu não conhecia a Uniban.

Não sabia que vocês formavam intelectuais do porte daqueles que achacaram a estudante por causa de... saias curtas.

Antigamente escolas superiores formavam profissionais, mas antes disto produziam uma elite intelectual equilibrada e culta. È que universidades também ensinam a pensar, não só a interpretar leis ou fazer contas...

Pelo que vimos seus alunos estão sendo treinados por extremistas e radicais. Os atos que a tv mostrou exalam burrice, ignorância, radicalismo e toda a sorte de adjetivos que não se prestam a nada do que possa ser positivo (nazismo? Não... os nazistas cometeram todos os erros e absurdos que poderiam, mas burros não foram...)

Vocês estão ensinando aqueles crápulas a ganhar dinheiro, certamente, mas não a serem seres humanos.

A ampulheta da Uniban também está mal regulada. Ela aponta para a Idade Média em sua busca incessante por bruxas (vocês até acharam que haviam encontrado uma, certo?).

Uma pergunta para a qual não encontro resposta razoável: se aquela turba de crias da Uniban tivesse conseguido acesso à moça antes da Polícia chegar, o que teriam eles feito?

Possivelmente torturá-la para obter dela a confissão de que era enviada do Mal e, em seguida, queimá-la para deleite da multidão ensandecida... É isto mesmo que aconteceria?

Vocês devem estar um pouco aliviados, pois a mídia (tão contestada nos últimos tempos) foi muito condescendente com vocês. Falaram que foi coisa de adeptos do Taleban, falaram que foram atos medievais, falaram que foi radicalismo... Não foi só isso!

Foi a clara demonstração de que a Uniban não se presta a formar profissionais dignos de suas respectivas profissões, nem seres humanos merecedores de respeito social.

O que mais poderemos esperar de vocês?

MANEJO DE CAPIVARAS E DE POLÍTICOS




MANEJO DE POLÍTICOS


Desmame: Poderia ser realizado ao fim de cada mandato, mas costuma se postergar por muitos anos após.


Reprodutividade: Dezenas de parentes, amigos e correligionários empregados.


Engorda: Montante indefinido, imprevisível e sempre crescente.


As taxas de encerramento dos empregos e dos mandatos dos políticos e dos protegidos são muito pequenas, uma vez que as reeleições são quase certas.