quarta-feira, 3 de março de 2010

Tia Hillary voltou...











Sílvio Lanna
Tia Hillary está de volta. A poderosa Secretária de Estado está efetuando um périplo pelas Américas, tendo visitado Chile, Uruguai e Argentina, seguindo em seguida para Costa Rica e Guatemala.

Está hoje no Brasil, principal objetivo de sua missão internacional. O motivo pelo qual nos visita é a indignação dos EUA em face do bom relacionamento do governo brasileiro com o Irã, particularmente em um momento em que se discute a possibilidade de produção de artefatos nucleares por aquele país.

Para manter as aparências, entretanto, outros temas da pauta bilateral constam da agenda, como a instalação de bases militares norteamericanas na Colômbia, a retaliação comercial brasileira - com o aval da OMC - em face do protecionismo ianque a seus produtores de algodão, a presença e divisão de forças entre os dois países no Haiti, as divergências entre ambos com relação à aceitação do golpe hondurenho e a compra de aviões militares pelo Brasil.

Recentemente o governo americano recebeu fortes protestos e foi ameaçado internacionalmente pelo governo chinês em razão de o presidente Obama haver recebido o dalai lama do Tibete e, ainda, por ter vendido US$ 6,4 bilhões em armamentos para Taiwan, cuja soberania até hoje não é reconhecida pela China.

Restou claro que os chineses pretendem exigir de seus parceiros uma conduta internacional formatada segundo seus interesses particulares. A diplomacia americana está em tratativas no sentido de, segundo eles, preservar a autodeterminação norteamericana e, ao mesmo tempo, aparar as arestas que o episódio causou.

No caso brasileiro, a Secretária Hillary, que já ameaçou o Irã com destruição total, não admite que seus parceiros mantenham relações amistosas com aquele país muçulmano. A desculpa é que isto aparenta ser um aval brasileiro à tentativa iraniana de constituir seu arsenal atômico. Ahmadinejad afirma que as intenções de seu país são meramente de utilização pacífica para a energia nuclear.

Dissenções à parte, é fato que as constantes rusgas entre Irã e Israel deixam clara a animosidade entre embos, o que também é motivo de grande preocupação para os EUA, uma vez que os povos judeu e americano são aliados incondicionais e atemporais. Não é novidade, portanto, que em qualquer problema que possa ocorrer entre Israel e qualquer outra nação, a posição ianque já foi estabelecida de antemão.

A postura dos Estados Unidos da América, como em outras ocorrências, é dúbia e incoerente no que diz respeito às suas relações com a China e com o Brasil. A razão disto é simples: a eles importa o que lhes traz resultados (notadamente econômicos), condicionante a que todo o restante do planeta deve se curvar e aceitar de bom grado. Caso contrário, até mesmo podem usar seu poderio bélico, arranjando uma desculpa qualquer para a intervenção (o Iraque que o diga).

É evidente que nenhum governo desejará contribuir para o crescimento da ameaça nuclear no planeta. Por outro lado, o apoio ou não de qualquer nação não faz muita diferença, uma vez que as matérias primas podem ser adquiridas com certa facilidade no mercado negro e as instalações podem ser mantidas por um bom tempo fora do alcance da bisbilhotice internacional.

Acaso essa discussão ora travada com relação ao suposto apoio ao Irã também ocorreu no caso recente da Coréia do Norte?

As desavenças entre muçulmanos e judeus estão postas há dezenas de anos e é muito difícil que alguém consiga aplacá-las definitivamente.

Os riscos de hecatombe nuclear são eficientemente monitorados pelo "Relógio do Apocalipse", da Universidade de Chicago, estando atualmente em 23:54 h (considerando-se que meia noite seria o marco de uma guerra nuclear total no planeta). Ele já esteve em 23:58 h (1953), 23:57 h (1984), 23:55 h (2007), mas também em 23:43 h (1991) e 23:46 h (1995).

Deduz-se que as graves questões internacionais que envolvem sérios riscos à humanidade não são majoradas pelo apoio ou por meras intenções de países individualmente, mas pelos atos fortes e decisivos de grupos de nações.

Se, pelo que parece, a visita de tia Hillary não se converter em resultados efetivos, pelo menos que ela aproveite a extraordinária beleza de nosso país. Pena que o tempo não está bom em São Paulo, no Rio e nem mesmo no nordeste. Senão, dava até para pegar uma prainha...

Nenhum comentário:

Postar um comentário