sexta-feira, 2 de abril de 2010

Escândalos nossos... O caso Luftfalla (1970)


Sílvio Lanna
Ainda há brasileiros saudosistas da ditadura militar sob o argumento de que, dentre outras "vantagens", naquela época não havia corrupção e nem desmandos praticados por políticos de forma geral.
Sabemos, entretanto, que não era nada disto. O que ocorria, simplesmente, era que se as irregularidades tivessem sido cometidas por integrantes dos governos militares ou por seus protegidos, tudo era convenientemente abafado.
Não havia instituições civis com força suficiente para enfrentar os poderosos generais e a imprensa ou era colaboracionista ou censurada. Portanto, os saudosistas agem, ainda que de boa fé, da mesma forma que o avestruz, que esconde a cabeça em face de perigo iminente.
No caso Luftfalla, ocorrido sob o governo militar do General Médici, seu então Ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Veloso e o deputado Paulo Maluf (o cara tem experiência no assunto) foram acusados de determinar ao BNDE que fizesse empréstimos à empresa Tecelagem Luftfalla, já em processo falimentar. É claro que tais dívidas jamais foram quitadas. Determinaram ainda ao Banco do Estado de São Paulo, ao Banco do Estado da Guanabara e ao Banco do Brasil que adquirissem o controle do capital da empresa. Com isto, transferiram para o Estado os prejuízos causados pelos administradores da tecelagem.
À época o Poder Executivo afirmou que iria investigar o caso. Ninguém foi punido, ainda que minimamente. Dez anos após, foi iniciada uma CPI para investigar as denúncias. Os trabalhos foram então obstruídos pelos parlamentares governistas. Também na Polícia Federal foi instalado inquérito cujos resultados nunca foram divulgados...

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