domingo, 4 de julho de 2010

Cem mil contra o regime



Sílvio Lanna


Outro aniversário importante ocorrido no final do mês de junho: o da Passeata dos Cem Mil.
Em 28 de março de 1968 Edson Luís Lima Souto foi baleado e morto pela polícia, que invadiu o restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, onde faziam suas refeições os estudantes de baixa renda.
O momento político era dramático. A repressão da ditadura atingia grau intenso; a violência e a tortura eram praticadas normalmente pelos militares sob a alegação de combate à subversão.
O movimento estudantil, por sua vez, acirrou as manifestações de protesto em face da situação, todas reprimidas pela polícia com violência e prisões (chegaram a 300 no protestos ocorridos em 19 de junho, em frente à UFRJ).
Três dias depois, novo protesto dos estudantes ocorrido em frente à embaixada americana terminou com ainda mais violência. Foram cerca de oitenta feridos, quase mil presos e diversos carros da polícia destruídos, no episódio que ficou conhecido como "sexta feira sangrenta".
Tudo isto resultou na "Passeata dos Cem Mil", em 26 de junho, considerada a maior e mais importante manifestação popular em repúdio à ditadura. Estudantes, intelectuais, religiosos, artistas e populares concentraram-se em frente à Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, e caminharam até o prédio da Assembléia Legislativa em manifestação que durou três horas.
A partir dessa data outros fatos também importantes, como o congresso clandestino da UNE em Ibiúna (outubro de 1968) e outros, foram combatidos pela ditadura com ainda mais violência, prisões e torturas. Em 13 de dezembro do mesmo ano os generais impõem ao país o AI-5, institucionalizando a repressão e consolidando seu poder como absoluto, mergulhando o país em um período ainda mais tenebroso.

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