segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O circo eleitoral








Sílvio Lanna
Nem só de Tiririca vive o circo eleitoral brasileiro.
Já em 1959 os eleitores descarregaram 100.000 votos no rinoceronte Cacareco, morador do zoológico de São Paulo, constituindo-se no candidado mais votado. À época utilizavam-se as cédulas de papel, o que permitiu a proeza.
Nos dois últimos pleitos submeteram-se ao crivo popular inúmeros candidatos ridículos e carentes de amor próprio, evidenciando, eles e seus respectivos eleitores, nenhuma seriedade com relação ao voto.
Votar em Tiririca ou em algum outra excrescência política similar não significa expressar indignação com qualquer estado de coisas. Significa ridicular-se a si próprio e tratar a democracia como algo desimportante e dispensável. Como alguém pode afirmar que seu voto de protesto é dado a alguém que afirma não saber o que faz um deputado ou que está se candidatando para ajudar a própria família?
Não obstante, ele foi merecedor de quase um milhão e meio de votos. Esse imenso contingente de pessoas preferiu reproduzir a palhaçada do candidato na urna e lançar na Câmara Federal alguém que não tem obrigação de apresentar qualquer projeto, discutir qualquer tema e nem mesmo de lá comparecer. Afinal, ele foi sincero quando estabeleceu seus objetivos eleitorais e seus eleitores jamais poderão reclamar de sua atuação.
E não venham eles alegar que o quadro político nacional não apresentava opções, porque para os absolutamente descontestes existia a opção do voto nulo (que jamais defendi, mas que é uma real e eloquente opção).
Talvez seja esse o preço da busca da maturidade para um povo que somente nesta geração está isento da mácula de uma ditadura que, como todas, obscureceu as luzes da sabedoria e abafou o espírito crítico. Afinal, são estes os requisitos imprescindíveis a uma boa interpretação dos fatos e dos dizeres que orientam os agentes políticos e que impedem a aleatória condução dos eleitores.
(Tiririca Cover)
(diversos)

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