sábado, 14 de abril de 2012

Genocídio portenho


Ontem as agências de notícias publicaram confissão do ex-presidente Jorge Videla (ditador na Argentina de 1976 a 1981) de que realmente foi o responsável por aproximadamente oito mil assassinatos e desaparecimentos de opositores políticos naquele país. Trata-se de um verdadeiro genocídio que, somado a outros crimes similares cometidos pelos demais ditadores portenhos revela o horror das ditaduras, semelhantes em qualquer lugar do mundo.

A notícia, ao contrário do que possamos pensar, não se circunscreve às fronteiras argentinas. A Operação Condor - hoje conhecida em detalhes -, reuniu as ditaduras de Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai em uma verdadeira associação do mal, onde táticas de guerra e de tortura eram trocadas, assassinados cometidos além das próprias fronteiras, desafetos eram perseguidos onde estivessem, enfim, um verdadeiro sindicato do crime. Assim, nossos ditadores domésticos no mínimo foram condescendentes com o terror praticado pelo Estado argentino naqueles momentos.

Como em vários outros casos similares, os carrascos institucionalizados desculpam a si mesmos pelas barbaridades praticadas. Cinicamente Videla informou que "Não havia outra solução. Na cúpula militar estávamos de acordo que era o preço a se pagar para ganhar a guerra contra a subversão e precisávamos de um método que não fosse evidente, para que a sociedade não o percebesse”.

Esta é a tônica de qualquer regime de exceção: o ditador de plantão julga mesmo que detém o direito e o mandato para agir conforme seus desejos. As aspirações da sociedade são simples detalhes a serem manipulados conforme julguem necessário. Assim, todo ditador julga-se Deus (ou no máximo enviado dele), como ocorreu com Hitler, alter ego de todos eles.

Continuou o monstro portenho: "Tenho peso na alma, mas não estou arrependido de nada. Gostaria de fazer esta contribuição para que a sociedade saiba o que aconteceu e para aliviar a situação de muitos oficiais que atenderam às minhas ordens".

Importante tomarmos conhecimento de tais fatos e da história de nossos vizinhos. O Brasil não é uma ilha, assim como a América do Sul e nem qualquer outra região ou Nação. Buscar a verdade em qualquer momento histórico é um direito de todos nós e um dever das instituições hoje redemocratizadas.

Esta a importância da nossa Comissão da Verdade, que deverá cumprir seu papel de colocar-nos nos trilhos da fidelidade histórica, ainda que seu sabor oscile entre o azedo e o amargo.

Sobre o tema falaremos posteriormente.



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