quinta-feira, 19 de abril de 2012

Quando o burro é muito burro não consegue nem se disfarçar de zebra...


Vejamos o teor do inoportuno documento publicado hoje pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF (http://www.sjpdf.org.br/Noticia,Abrir,8050,7804.aspx):

Nota de Protesto
Abusos da equipe do CQC exigem uma atitude das assessorias de imprensa e cerimonial para garantir condições de trabalho aos jornalistas
Este Sindicato recebeu nas últimas horas dezenas de reclamações relativas a forma como integrantes do programa humorístico CQC tem (sic) se comportado em entrevistas coletivas e solenidades governamentais. O episódio mais recente e gravoso ocorreu na visita da Secretária de Estado dos EUA. Tal comportamento tem gerado constrangimentos e atritos que frequentemente prejudicam o bom desempenho dos profissionais de imprensa, muitas vezes precipitando o encerramento das coletivas e solenidades, e resultando em maior a restrição no acesso dos jornalistas às autoridades.

Sem desmerecer o trabalho humorístico, acreditamos que nossa sociedade carece, em maior grau, de informações de qualidade, e neste sentido, defenderemos sempre a preponderância da atividade jornalística sobre a humorística.

Aos responsáveis pelas Assessorias de Imprensa e Cerimonial de Governo - especialmente da Presidência da República e do Ministério das Relações Exteriores - solicitamos a adoção das medidas necessárias para garantir tal preponderância. Não nos consta que em qualquer outro lugar do mundo profissionais de imprensa e humoristas recebam o mesmo tipo de credenciamento.

Aos colegas jornalistas colocamos nosso departamento jurídico a disposição para eventuais ações judiciais por danos morais ou físicos.

E por fim suscitamos aos profissionais do CQC uma reflexão sobre seu modus operandi, levando em consideração princípios como respeito e profissionalismo.

Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF

O motivo da irada nota foi a intervenção do jornalista do programa CQC na entrevista concedida pela Secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton. Segundo o sindicato (também de jornalistas), a antecipada saída da Excelentíssima Senhora teria sido causada pela intervenção do humorista que desejava entregar-lhe uma máscara de carnaval. A alegoria, segundo ele seria compatível com as últimas aparições públicas da Secretária em casa noturna da Colômbia bebendo e dançando alegremente (nada que pudesse arranhar seu prestígio).

Mérito à parte, o irado redator da nota preconiza verdadeira reserva de mercado para os "jornalistas não humoristas", ou seria "humoristas não jornalistas" (?), uma vez que, segundo ele, os noticiaristas teriam "preponderância" sobre aqueles.

Deseja ainda o irado senhor que as aparições, conduta e "modus operandi" do pessoal do CQC seja revisto por eles próprios e, ainda, pela Presidência da República e pelo Ministério das Relações Exteriores (!!!). Esses anseios há muito haviam sido jogados no arquivo morto da cultura em nosso país. Denominam-se, genericamente, de CENSURA PRÉVIA.

É isto, na realidade, que deseja o representante do sindicado, pasmem, de jornalistas(!!!): o retorno da CENSURA de diversões públicas.

O irritado senhor não se identifica nem mesmo pela citação do cargo que ocupa, o que transfere integral responsabilidade à instituição. Esquece-se que a sra. Clinton, bem como qualquer político, cantor, humorista e demais homens públicos recebem os ônus da notoriedade, mas também os bônus da indiscrição pública. Não podem eles exigir que não sejam alvos de piadas, contraditas, fotografias, filmagens e críticas dentro dos limites legais.

Desta forma, caso algum notório cidadão tenha se julgado ofendido por esse ou aquele comentário de jornalistas, humoristas ou outros cidadãos deste país, tem a seu dispor a legislação (criminal e cível) que certamente abrigará suas pretensões e punirá o ofensor, se cabível.

Não tenho qualquer interesse particular na defesa do CQC, mas considero intolerável qualquer afronta à liberdade pessoal e de imprensa.

A censura é antes de tudo uma expressão de burrice. Mesmo quando tenta se disfarçar de zebra.


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