Desde
a auto imolação do tunisiano Mohamed Bouazizi em dezembro de 2010, uma
avalanche de protestos e de reivindicações vem se alastrando pelo mundo árabe,
derrubando governantes e obrigando à instalação de regimes democráticos (pelo
menos em tese). Chegada a vez do Egito, assistimos um importante capítulo neste
sábado.
O
ditador Hosni Mubarak, que passou os últimos 36 anos comandando o Egito, foi
condenado à prisão perpétua. Foi vice presidente do lendário Anwar al Sadat até
outubro de 1981, quando, guindado à
presidência, lá se manteve até sua derrubada pela Primavera Árabe em fevereiro
de 2.011.
Durante
esse tempo governou de forma implacável com seus inimigos, jamais permitindo
que a oposição pudesse se consolidar. País milenar, o Egito vem enfrentando
seus aproximadamente 4.000 anos de história
comandado por faraós, reis, rainhas e ditadores. Jamais (até Mubarak)
por qualquer um que tenha sido democraticamente eleito.
O
Egito ultrapassou o século XX fortemente envolvido com questões internacionais,
como a nacionalização do Canal de Suez ou as reiteradas escaramuças com Israel.
O país, que mantinha acordos bilaterais e grande vinculação com a Rússia, mudou
de lado sob o comando de Sadat, tendo sido, desde então, aliado americano
naquela conturbada área.
O
governo Mubarak, além de combater inimigos, fraudar eleições e impedir a
liberdade de expressão, manteve o povo egípcio em situação de grande pobreza.
Privilegiou a concentração de renda, produzindo milionários de um lado e
mendigos de outro, sem que estes pudessem vislumbrar qualquer ato de política
econômica que pudesse minorar seu sofrimento no médio ou no longo prazo.
Em
todo o seu governo reiterou e manteve estreitos laços com os EUA, sendo seu
aliado nas questões envolvendo Israel e todo o Oriente Médio. Foi obrigado,
entretanto, a engolir a frieza de seu grande aliado quando caiu em desgraça
naquele janeiro de 2011 quando foi forçado a renunciar e fugir do país. Os
americanos o haviam abandonado. Afinal, ele era só um homem e os EUA só se interessam
por aquilo que possa ser transformado no vil metal.
As
agruras que impôs ao povo egípcio retornaram com força sobre ele, que não
conseguiu abrigo seguro em qualquer lugar do mundo, nem mesmo naqueles países
sempre considerados aliados. Seu julgamento e a prisão pelo resto da vida ainda
foram considerados insuficientes por grande parte de seus adversários, que
defendiam a pena de morte como forma justa de punição ao ditador.
É
como disse Vandré: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.”
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