É preciso
reconhecer a sapiência e o equilíbrio, principalmente em um mundo de senhores e
servos, comandado pela hipocrisia e por sentimentos anticristãos.
O papa
Francisco vem desempenhando um papel digno à frente de sua Igreja. Ninguém
precisa ser católico para admirá-lo.
Vem caminhando em defesa das mais simples ovelhas do rebanho de Cristo, ao contrário
de quase todos os que o antecederam (com a honrosa exceção de João Paulo II).
Não por
outras razões que se encontra em curso processo de deposição de Francisco do
trono de Pedro, impeachment inédito
na Igreja Católica.
Orquestrado
por influentes cardeais, que do recôndito de suas vestes carmins nutrem
explícita saudade dos tempos medievais, onde a Santa Inquisição por eles
manejada impunha sua vontade.
É o poder
pelo poder, tão caro às mentes depravadas que insistem em falar como sucedâneos
de Cristo, que pregou pelo mundo exatamente o desapego ao poder e o amor pelos
mais pobres.
As
tentativas que ensejavam repercutir suas mensagens foram torpedeadas pelos que
se assenhoraram de seu legado, a exemplo da Teologia da Libertação nos anos setenta
do século passado.
João Paulo I
e Bento XVI censuraram o movimento, punindo clérigos como Leonardo Boff e
outros pela insurreição aos preceitos de domínio e exercício do poder, tão a
gosto da Santa Sé.
A tese protestante, surgida exatamente por discordar dos princípios medievais católicos, condenando
a venda de indulgências, a vinculação com o poder político, o apego à riqueza
terrena, a suntuosidade dos templos, a manipulação dos fiéis e a apropriação
pelos padres dos ensinamentos de Jesus, faz hoje o contrário.
A
irresignação de Lutero, Calvino e outros de boa fé que idealizaram o rompimento
com os padrões católicos tem como pano de fundo o combate ao que vemos em nossos
dias, orquestrado por diversas igrejas ditas “evangélicas”.
Ao contrário
de manter viva a fé e os ensinamentos de Cristo, envergonham a todos nós e jogam
na lama a Bíblia e suas palavras de amor e despojamento.
Assenhoraram-se
de Deus, a ponto de publicar em outdoors
que ele “fará” os desejados milagres, claro, ao peso de sucessivas contribuições
pecuniárias.
Não
satisfeitos, alguns líderes hipotecaram adesão de seus membros ao governo
eleito, garantindo presença no comando do país, a exemplo da igreja medieval.
No meio de
todo esse lodaçal surge uma figura merecedora de reverência e profunda admiração.
Combatendo toda essa estrutura poderosa é considerado “comunista” por aqueles
cujo cérebro tacanho não permite enxergar a realidade (ou prefere o exercício
da hipocrisia).
Sua visão
límpida e isenta de vícios mundanos é como farol na tempestade, iluminando a
escuridão e ferindo inconfessáveis interesses.
É como diz o
Sumo Pontífice: “DEUS NÃO PERTENCE A NENHUM POVO”.
Não pertence
mesmo.
Não é dos
judeus (como defendem muitos), não é dos poderosos (como desejam outros), não é
da igreja católica (como pregam bispos e cardeais), não é dos protestantes
(como pretendem inescrupulosos líderes).
Mas poderá
ser de qualquer um, desde que atendidas duas condições principais: o amor e a
simplicidade, ambos tão em falta neste mundo.